teoria dos papéis

A Teoria dos Papéis nos Desafios Organizacionais

Você líder já ouviu dizer que tanto no trabalho quanto na vida em geral ocupamos uma série de papéis ao mesmo tempo? Você sabe o que isso significa para a sua liderança e o que tem a ver com o seu dia a dia como gestor?

 O que você vai descobrir neste artigo:

O que é a Teoria dos Papéis?

O tema Papéis é considerado por muitos autores como o ponto de ligação entre a relação indivíduo e sociedade. A teoria dos papéis é estudada pela filosofia, antropologia, sociologia e psicologia  e o enfoque de cada uma depende da perspectiva adotada. 

Aqui vamos considerar a perspectiva da sociologia e da psicologia social que fala do comportamento humano como um reflexo das expectativas que possuímos dos outros e de nós mesmos. Os indivíduos se comportam de uma maneira previsível com base em sua posição social, suas atividades diárias, profissão, cargos que ocupam etc. E por isso conhecer este tema ajuda o seu desempenho enquanto líder. 

Cada papel é um conjunto de normas, expectativas, direitos e comportamentos que os indivíduos precisam assumir e cumprir.

Sob esta perspectiva entende-se que para mudar o comportamento é necessário mudar os papéis assumidos diariamente. Afinal eles influenciam fortemente as nossas atitudes, nosso comportamento e nossas crenças porque ajustamos tudo isso para nos adequarmos àquele que nos foi designado em determinado contexto/situação.

Você, líder, precisa identificar e reconhecer os papéis assumidos pela sua equipe e que influenciam o comportamento daqueles indivíduos ou grupo.

Um dos entendimentos da psicologia sobre o significado de “papel” é que ele pode ser definido como um comportamento associado com uma posição social. Assim, alguns teóricos propuseram a ideia de que:

Os papéis são essencialmente expectativas sobre como um indivíduo deve se comportar em uma determinada situação.

Isso ajuda a explicar que no papel há um fator social e ele é um comportamento característico ou esperado. Segundo escreveu Jacob Levy Moreno, um dos estudiosos do tema, o papel necessita de dois ou mais indivíduos para ser realizado.

Dentro de uma organização ele não surge sozinho. É fruto do contexto, das pessoas e do ambiente. Compreender as demandas subjetivas deste contexto, faz parte da função do líder. Quando se tem conhecimento desta subjetividade, é possível intervir para reforçar (quando positivo) ou cessar (quando negativo) atitudes adotadas pelas pessoas (individualmente ou em grupo).

O papel pode ser considerado como uma unidade da cultura e cada cultura se caracteriza por uma série destas unidades. Às vezes a pessoa escolhe adotar um papel e, em outras, acaba aceitando o que lhe é imposto. 

Teoria dos Papéis: principais tipos de papéis

Você pode encontrar na literatura várias diferenciações de papéis. Aqui mostraremos o seguinte recorte:

Papel Social: é um dos principais papéis estudados pela sociologia. Refere-se às responsabilidades atribuídas aos indivíduos e aos grupos sociais. É muito estudado também pela psicologia porque ao nascer imediatamente passamos a nos relacionar com o meio ambiente e com os papéis sociais da cultura que nos envolve. Estamos falando dos papéis de mãe, pai, tio, tia, avô, irmão, irmã, amigo, amiga etc. Além disso, é o tipo de papel mais abrangente, pois envolve outros tipos de agrupamento como raça e religião por exemplo.

Papel Profissional: é um dos vários papéis assumidos pelas pessoas na vida profissional. É concebido como um conjunto de funções/atividades em termos de profissão. É uma identidade que foca e delimita o campo de ação profissional e que estabelece interfaces com outros campos. Para este papel é requerido conhecimentos específicos de acordo com a área em que se atua. Podemos citar qualquer tipo de ocupação: marceneiro, pedreiro, médico, advogado, engenheiro, ator, escritor etc.

Papel Organizacional: Segundo alguns autores da administração, empresas são um conjunto de pessoas que se relacionam entre si (lideranças, colaboradores, colegas etc.). E podem ser consideradas, portanto, um conjunto de papéis.  Cada papel envolve tarefas relacionadas às atividades daquela empresa. Estamos falando de papéis como Gerente, Auxiliar, Analista, Diretor, Operador, Coordenador e outros.

Como os tipos de papéis se relacionam entre si

Cada pessoa se caracteriza pela variedade de papéis que regulam seu comportamento. Como já foi dito acima, às vezes é possível escolhermos nossos papéis, outras vezes eles nos são impostos. De qualquer maneira, escolhendo ou aceitando, somos exigidos pela sociedade a responder a eles através de uma forma de conduta esperada. 

Ao pensarmos em termos destes 3 tipos de papéis, o primeiro que assumimos, escolhemos ou que nos é imposto é o Social, de aspecto mais amplo, e que está presente em todas as nossas relações sociais ou pessoais. Por estes papéis somos reconhecidos perante a sociedade. Embora o profissional também o seja. Entretanto, este último está mais relacionado ao contexto de trabalho e da atividade profissional que desempenhamos. É, portanto, parte de um espectro um pouco menor do que o Social. Já o Organizacional ainda é mais restrito porque diz respeito apenas ao contexto empresarial ou institucional, isto é, ao nosso local de trabalho especificamente. Todos eles, no entanto, são formas de expressão de uma cultura, de crenças, de leis, de hábitos e de costumes, sejam estas as de uma sociedade inteira, as de uma atividade profissional ou as de um local de trabalho. 

Você líder, lidará com todos eles nas equipes de trabalho porque existirão reflexos de cada papel dentro do ambiente de trabalho. O seu Analista, por exemplo, não deixa de ser pai só porque entrou dentro da empresa. Se ele estiver com um problema em casa com seu filho, isto poderá afetar o desempenho de seu papel organizacional (de trabalho), ou seja, suas atividades e entregas.

A relação entre os diferentes papéis acontece o tempo todo. Quando estamos em um deles, não deixamos de continuar exercendo outro. Nossos papéis se relacionam entre si constantemente e ao mesmo tempo. Conhecer as pessoas que trabalham com você ajuda a compreender o que as influencia positivamente ou negativamente.

Ao reconhecer o papel que “está no comando” do outro, facilita o relacionamento com esta pessoa. O caminho inverso também é fundamental, ou seja, você líder perceber qual é o papel que está ocupando em determinado momento. E que pode estar te ajudando ou atrapalhando a lidar com aquela situação específica. É preciso perceber qual dos papéis está no comando para ajustá-lo se for necessário. Parte dos conflitos interpessoais tem a ver com assumirmos uma posição que não é adequada. Para que o nosso desempenho ao lidar com outras pessoas seja adequado, é primordial que a gente responda às exigências da situação (o papel) da maneira que nos é exigido. É termos aptidão para assumí-lo de forma coerente, não de maneira estereotipada ou inadequada.

A contribuição da teoria dos papéis para o desenvolvimento pessoal e profissional

O problema surge quando misturamos papéis. Um Gestor atuando como pai investido de autoridade para cima da sua equipe, não é o ideal. Neste caso estamos em um papel organizacional (gestor), mas agimos com outro (pai).

Como os papéis determinam a forma como nos relacionamos com outras pessoas, esta mistura pode ser nociva por causar confusão e desconforto. E, por fim, prejudicar a relação. Além de termos a relação prejudicada também prejudicamos o desempenho esperado para aquele papel, que de fato não foi exercido. No exemplo do Gestor atuando como pai autoritário, a organização espera deste papel um desempenho mais voltado à orientação, ao desenvolvimento de seu time, mas obtém como retorno algo contrário disso. 

Ter a consciência dos diferentes papéis assumidos ao longo da vida e em determinados contextos, nos ajuda a compreender melhor o que é esperado de nós em termos de comportamento e desempenho. 

Além da consciência dos papéis assumidos e suas demandas, também é importante percebermos a diferença entre cada um deles. Nossa conduta é assertiva quando fazemos corretamente a distinção de qual papel é para ser assumido em determinado contexto, como pessoas e como profissionais. Assim, nosso funcionamento fica mais de acordo com o que é esperado em termos de comportamento e resultado. Ao assumirmos adequadamente o papel que nos é demandado, nos tornamos mais potentes e obtemos resultados mais adequados para a situação.

Segundo Moreno, a resposta adequada a uma situação nova ou uma nova resposta a uma situação antiga indica o grau de espontaneidade com o qual respondemos a um papel. Através da espontaneidade também exercemos a criatividade para nos apresentarmos às situações da vida. Tanto a espontaneidade, quanto a criatividade são fundamentais para um processo de adaptação. E capacidade para nos adaptarmos às mudanças é essencial nos dias de hoje. Isto tudo significa flexibilidade e prontidão para nos ajustarmos aos imprevistos do cotidiano. Especialmente em um mundo com mudanças tão rápidas como o que vivemos. Quem apresentar esta capacidade de adaptação certamente terá maiores garantias de resultados efetivos e perenes.

Saiba como pode identificar e reconhecer os tipos de papéis que assume!

Identificar e reconhecer os papéis que assumimos, avaliar os resultados obtidos e mudar a nossa conduta, se for necessário, são elementos trabalhado em um processo de Coaching por exemplo. Se você está atrás de desenvolvimento profissional, dê uma olhada no que o Coaching de Carreira pode oferecer. Agora, se for uma empresa, busque conhecer o serviço de Coaching Empresarial e vamos conversar melhor. 

De onde saíram essas idéias

  • KHOURI, G.S. O desenvolvimento dos papéis nas organizações. Salvador, Bahia. 1966
  • BERMUDEZ, J.G.R. Que es el psicodrama?. Buenos Aires, Argentina. Editora Celcius, 1984.
  • MORENO, J.L. Psicodrama. São Paulo, Editora Cultrix, 1993.
  • GARRIDO MARTÍN, E. J.L.Moreno: psicologia do encontro. São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1984.
  • MORENO, Jacob L. Fundamentos do Psicodrama. São Paulo. Editora Ágora.
  • MORENO, Jacob L. Lições de Psicodrama: Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo. Editora Ágora.
  • MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal: Treinamento em Grupo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
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